Pause
Current Time 0:01
/
Duration Time 0:09
Remaining Time -0:07
Stream TypeLIVE
Loaded: 0%
Progress: 0%
0:01
Fullscreen
00:00
Unmute
Playback Rate
1
    Subtitles
    • subtitles off
    Captions
    • captions off
    Chapters
    • Chapters

    Os novos olhos do futebol

    Câmaras, polémica, ação. O vídeo-árbitro já é parte integrante do futebol e veio para ficar. Os números mostram que tem cumprido a sua missão, mas há quem acredite que o futebol não precisa da tecnologia.

    Um ano de VAR: uma aposta certa

    “Mínima interferência, máximo benefício”

    Este é o lema com que a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) lançou o vídeo-árbitro em Portugal. Mas será que este princípio está a ser cumprido? A análise dos dados estatísticos garante que sim.

    Em 306 partidas, o vídeo-árbitro ocupou cerca de 350 minutos - o que equivale a apenas um minuto e 14 segundos de tempo de jogo. Esta informação vem deitar por terra a teoria de que o VAR gasta demasiado tempo e quebra o ritmo de jogo.

    E quanto à sua influência? Indubitável. No total, já foram 100 os lances revistos pelo VAR, dos quais 76 foram revertidos. Decisões cruciais como a validação de um golo, um penálti por assinalar, uma expulsão duvidosa ou a troca de identidade de um jogador, que têm a capacidade de alterar o rumo de um jogo.

    Quando se compara esta época desportiva com a época transata, verifica-se uma certa flutuação de alguns dados estatísticos. A Federação Portuguesa de Futebol acredita que essas diferenças de valores não são mera coincidência. Segundo o organismo, o vídeo-árbitro é o principal responsável.

    Assistiu-se a um incremento do número de cartões vermelhos e de penáltis de uma temporada para a outra. A Federação assume também que a utilização do vídeo-árbitro resultou em mais golos nas partidas do campeonato (com um aumento de 78 golos em comparação com a temporada passada).

    A meio da temporada, em comparação com outros países, Portugal destacava-se pelo baixo número médio de check’s por jogo (6,5) e pelo reduzido número de correções por jogo (aproximadamente uma a cada seis jogos). Por outro lado, os Estados Unidos da América demonstram uma grande comunicação entre o árbitro e a cabine do vídeo-árbitro, com uma média de quase dez check’s por jogo. Os EUA lideram no número de correções por jogo, com uma a ser feita a cada três partidas.

    28 de maio de 2017. Estádio do Jamor. A final da Taça de Portugal 2016/2017 entre o Vitória SC e o Benfica termina com um 2-1 favorável aos lisboetas. Para a história do futebol português, ficou o resultado. Para a história do desporto em si, ficou a primeira utilização oficial do vídeo-árbitro no futebol.

    A Federação Portuguesa de Futebol foi pioneira na inserção do vídeo-árbitro na modalidade. O organismo que gere o futebol português decidiu dar o primeiro passo no uso desta tecnologia.

    Numa primeira fase, o sistema foi instalado de forma temporária nas imediações do Estádio Nacional do Jamor. Na final da “prova rainha” do futebol português, o vídeo-árbitro (Hugo Miguel) interveio em cinco ocasiões, todas elas culminadas com decisões acertadas.

    Para a temporada 2017/2018, a Federação Portuguesa de Futebol instalou o sistema de vídeo-árbitro na Cidade do Futebol, em Oeiras. O VAR operou em todas as competições organizadas pela Liga (Liga NOS e Taça CCT), assim como nas duas últimas rondas da Taça de Portugal Placard.

    O projeto do vídeo-árbitro português seguiu o protocolo do International Football Association Board (IFAB), que orienta as regras do futebol a nível mundial. Relativamente às mesmas, o Conselho de Arbitragem português estabeleceu regras de intervenção do vídeo-árbitro.

    “O balanço é bastante positivo”

    O vice-presidente do Conselho de Arbitragem da FPF, João Ferreira, fez uma análise do primeiro ano de utilização do vídeo-árbitro no futebol português. O ex-árbitro de 50 anos tem acompanhado a atuação do VAR ao longo da temporada 2017/2018. João Ferreira faz um balanço positivo da atuação da ferramenta de assistência à arbitragem, que conta com milhares de lances analisados e dezenas de correções que, caso não existisse o vídeo-árbitro, “os erros iriam-se manter”.

    O sucesso do vídeo-árbitro português, de acordo com João Ferreira, está na preparação dos árbitros. “É claro que temos a facilidade de grande parte do nosso quadro de árbitros ser profissional, o que nos permite estar três dias da semana a trabalhar na arbitragem, no vídeo-árbitro.”

    Esta preparação permite uma aprendizagem contínua ao longo da temporada, quer por análise das arbitragens de cada jornada, quer através de ações de formação. O feedback do IFAB e das restantes federações que entraram no projeto do vídeo-árbitro tem sido positivo. De facto, o modelo português tem sido alvo de estudos e é um dos exemplos a seguir.

    No entanto, o ex-árbitro admite que ainda há aspetos a melhorar e funcionalidades que podem ser exploradas. “Como isto é um modelo completamente novo, as coisas não têm corrido sempre como nós gostaríamos, até nós próprios vamos melhorando esta nossa capacidade de intervenção e penso que ela está mais afinada”, afirma João Ferreira.

    Dentro das novas possibilidades, ainda há espaço para discutir a transmissão de imagens de vídeo-árbitro nos ecrãs eletrónicos dos estádios, algo que o vice-presidente do Conselho de Arbitragem não apoia totalmente. João Ferreira defende que esta opção pode pôr em causa a integridade física e psicológica dos intervenientes no futebol. “Aquilo que não se espera é que a pessoa que está dentro do campo a tomar a decisão seja crucificada por uma decisão que tomou”, acrescenta.

    Resultados positivos do ano de estreia do vídeo-árbitro em Portugal, que corroboram a intenção do órgão máximo do futebol português em continuar com a tecnologia no próximo ano.

    O presidente do Estoril Praia, Alexandre Faria, confirma o balanço positivo do primeiro ano de VAR. Porém, afirma que “o vídeo-árbitro tem sido instrumentalizado e descredibilizado”. O presidente estorilista diz que isto acontece porque “todos os motivos servem para lançar suspeições em torno de um resultado final”.

    O esclarecimento à opinião pública e a cedência de imagens por canais de televisão afetos a clubes são, para Alexandre Faria, dois aspetos que têm a necessidade de ser melhorados. Juntamente a isso, “deveriam ser publicados relatórios do árbitro principal, de forma a compreenderem-se as decisões tomadas”.

    O Estoril Praia, assim como os outros clubes, não teve qualquer despesa na implementação das câmaras no estádio, segundo o seu presidente. O Estádio António Coimbra da Mota apenas tem que garantir, que “em termos de energia elétrica, ligações para esse efeito, iluminação e estruturas de apoio, o VAR funcione sempre”, diz Alexandre Faria.

    De acordo com os princípios do vídeo-árbitro, o objetivo da ferramenta é corrigir as decisões incorretas da equipa de arbitragem. No entanto, estão estabelecidos limites de atuação à tecnologia.

    O vídeo-árbitro apenas pode ser utilizado para intervir em quatro tipos de ocasiões, estritamente assinaladas pelo International Football Association Board (IFAB): golos, grandes penalidades, cartões vermelhos e erros de identidade.

    As situações mais analisadas pelo vídeo-árbitro e com maior impacto no decorrer do jogo são os golos. Sempre que surge alguma dúvida na regularidade de um golo, a comunicação entre o árbitro principal e o vídeo-árbitro pode existir, assim como a possibilidade de anular o mesmo através da visualização do lance num ecrã presente junto ao relvado.

    Segundo dados da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), 44 lances de golo foram revistos pelo árbitro na temporada 2017/2018 da Liga NOS. Os árbitros portugueses também utilizaram o vídeo-árbitro por dúvidas em grandes penalidades em 36 ocasiões, cartões vermelhos em 17 e apenas três vezes por erro de identificação. Mas como é que estas imagens chegam à sala do vídeo-árbitro?

    Cidade do Futebol: a casa do VAR português

    O processo de receção, análise e decisão através do vídeo-árbitro contém várias fases e, devido à sua complexidade, envolve vários meios e setores laborais.

    A empresa espanhola Mediapro forneceu a tecnologia à FPF e as duas partes estabeleceram um contrato de cinco anos para o fornecimento das tecnologias necessárias para a atuação do sistema. As imagens provêm das várias câmaras instaladas nos estádios de futebol para a transmissão do jogo nos diferentes canais televisivos.

    A colocação das mesmas está a cargo da empresa que contém os direitos de transmissão da Liga NOS, que terá que cumprir com os requisitos mínimos obrigatórios da colocação de câmaras, por imposição do relatório do IFAB. O organismo sugere a colocação de, no mínimo, oito câmaras e sugere os locais recomendados para que a análise de imagens seja mais eficaz.

    Após a captura de vídeo, as imagens que chegam à Cidade do Futebol não têm qualquer tipo de edição e estão sujeitas à observação do vídeo-árbitro e do seu assistente durante os 90 minutos de jogo.

    O diretor de tecnologia da Federação Portuguesa de Futebol, Hugo Freitas, liderou o processo de instalação do sistema do vídeo-árbitro em Portugal. O processo, multidisciplinar mas eficaz, prolongou-se por vários meses, explorando até o mais pequeno pormenor. Hugo Freitas mostra-se satisfeito com o desempenho tecnológico do vídeo-árbitro até ao momento. Contudo, reconhece que é necessário “melhorar os sistemas de comunicação”, devido à grande saturação de frequências que se verifica nos estádios.

    Apesar de ainda contar com algumas arestas por limar, o projeto do vídeo-árbitro em Portugal segue como um exemplo para o resto da europa e do mundo. A FPF tem já colaborado com outras federações, que visitaram as instalações do vídeo-árbitro na Cidade do Futebol, para que lhes fosse partilhado o conhecimento da tecnologia.

    “Hoje em dia, engana-se a pessoa que achar que um projeto de tecnologia é puramente de vertente tecnológica”, remata Hugo Freitas. Acrescenta que este é um projeto multidisciplinar e que estiverem envolvidas diferentes áreas, com devida formação para cada uma.

    Quanto à disparidade do número de câmaras dos estádios em Portugal, o diretor de tecnologia afirma haver um número mínimo de oito câmaras definido pelo IFAB. Como os estádios apresentam diferentes condições, o número está sujeito a uma certa variação. Hugo Freitas garante que “a FPF não tem controlo sobre o número de câmaras usadas”, uma vez que esse assunto está relegado para o organizador da competição, para os clubes e para os operadores televisivos.

    “Acredito que se irá manter e melhorar”

    Francisco Afonso, defesa direito do Paços de Ferreira, confia na inserção do vídeo-árbitro no futebol português. Contudo, o jogador de 21 anos crê que ainda há melhorias a serem feitas no sistema, uma vez que “quebra um bocado o ritmo do jogo”.

    O atleta pacense referiu que, no geral, os jogadores estão bem informados em relação ao vídeo-árbitro e que considera que são os adeptos que precisam de um maior esclarecimento quanto ao uso do VAR. “Membros da Federação vieram cá explicar aos jogadores como é que iria funcionar e em que situações podia o vídeo-árbitro intervir”, acrescentou.

    Com os olhos postos no futuro, Francisco Afonso acredita que o VAR veio para ficar. “Não se iria ter este trabalho todo, para agora se cancelar o projeto”, comentou o jogador.

    "Mais verdade desportiva e menos erros"

    Depois de 31 jogos efetuados com a presença da ferramenta tecnológica, Diogo Viana, jogador do Belenenses, tem uma opinião muito “vasta” sobre o VAR. O atleta admitiu que “costuma haver sempre erros”, embora no início achasse que viria melhorar o futebol português.

    “Costuma haver sempre erros (...) e não poderia ser possível quando tens quatro árbitros, muitas câmaras e com árbitros a ver e rever o lance” referiu o profissional de 28 anos.

    Contudo, Diogo Viana acredita que este paradigma pode mudar.

    Entende ainda a tendência de uma evolução positiva da tecnologia. Os erros serão menos e “vai ser melhor para os jogadores e para os árbitros. É o que os jogadores querem e eu também quero”, acrescentou.

    E não são só os jogadores a quererem. Também os árbitros se mostram empenhados em dar continuidade ao projeto do vídeo-árbitro em Portugal, como indica o presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), Luciano Gonçalves.

    O ex-árbitro destaca a importância do vídeo-árbitro no auxílio do trabalho dos profissionais, para que a arbitragem não seja mote para “justificar evidentes insucessos desportivos”.

    Vídeo-árbitro: um projeto global

    Não é só em Portugal que o vídeo-árbitro tem causado burburinho. Um pouco por todo o mundo, a tecnologia tornou-se num verdadeiro aliado na tomada de decisão dos árbitros. Itália, Polónia, Estados Unidos da América, Austrália e Coreia do Sul já têm o sistema de vídeo-árbitro incorporado nas suas principais ligas, cobrindo todos os jogos da competição (a federação polaca apenas utilizou o vídeo-árbitro na segunda metade da competição).


    Apesar da panóplia de interessados, a utilização do vídeo-árbitro tem dividido opiniões com o decorrer do tempo. Um pouco como em Portugal, noutros países há quem receba o VAR de braços abertos e há quem ainda duvide dos seus reais benefícios. No seu ano de estreia, o vídeo-árbitro teve algumas peripécias que podem bem explicar esta dualidade de opiniões.

    Uma delas ocorreu numa partida da 30ª jornada da Bundesliga alemã, entre o Mainz e o SC Freiburg. Já depois do apito para intervalo e dos jogadores terem regressado ao balneário, o árbitro Guido Winkmann ficou no relvado e, com ajuda do vídeo-árbitro, detetou uma grande penalidade por assinalar, já em cima do final da primeira parte. Para surpresa de todos, chamou os jogadores de regresso ao relvado para que a grande penalidade fosse convertida. O argentino Pablo de Blasis, ainda incrédulo, colocou o Mainz em vantagem no marcador.

    Com polémicas ou não, o vídeo-árbitro está próximo de dar um passo importantíssimo na sua afirmação a nível mundial. Depois de ter sido testado no Mundial de Clubes, em dezembro de 2017, o vídeo-árbitro tem já presença garantida no Campeonato do Mundo de 2018, que se disputará na Rússia, entre 14 de junho e 15 de julho.

    Realidade dentro das quatro linhas

    Os jogadores, mais do que ninguém, são aqueles que sentem a influência do vídeo-árbitro na modalidade. Apesar da aprovação positiva das federações, alguns atletas parecem estar descontentes com a implementação da tecnologia.

    São várias as razões apontadas para a insatisfação do desempenho do vídeo-árbitro. A verdade é que há estudos que corroboram algumas das suas reclamações, como é o caso de um estudo levado a cabo pela Universidade Católica de Leuven sobre o vídeo-árbitro. A universidade belga conta com um histórico de investigação sobre arbitragem e, com este estudo, realizado em junho de ano passado, chegou a conclusões intrigantes.

    O estudo concluiu que “o vídeo em câmara lenta faz os árbitros mais propensos a mostrarem um cartão vermelho”, mesmo quando o cartão amarelo seria mais justificável. O próprio jogador do SC Freiburg Amir Abrashi destacou essa particularidade.

    Os jornalistas: uma opinião dividida

    Não foram só os jogadores que se tiveram de adaptar à nova realidade do vídeo-árbitro. Os jornalistas têm também a sua própria visão da eficiência do sistema e dos desafios que enfrentará no futuro.

    Na realidade portuguesa, Sérgio Pires, jornalista do site Maisfutebol, considera que “um desporto que movimenta milhões de euros, não pode ser compatível com decisões baseadas em instintos”. O jornalista acredita que é importante defender a verdade desportiva e que o vídeo-árbitro é o meio indicado para o fazer. Contudo, defende que “a máquina tem de ser mais bem oleada”.

    Sérgio faz mesmo a comparação com a sua profissão, dizendo que como jornalista prefere ter um ecrã ao lado e que com o árbitro, à partida, será igual. Para além disso, entende que são necessárias algumas “afinações no protocolo” para que “a operacionalização do VAR seja feita da melhor forma”.

    No resto do mundo, as opiniões estão também repartidas. Enquanto alguns jornalistas vêm com bons olhos a implementação do vídeo-árbitro, outros não estão tão confiantes.

    Um estudo realizado pelo IFAB confere que 8% dos resultados dos jogos são alterados pelo vídeo-árbitro. Em 804 jogos analisados, que usaram a tecnologia do VAR, apenas um terço teve a sua intervenção durante a partida.

    Na Liga NOS é revertida uma decisão do árbitro a cada cinco jogos. Um desempenho muito semelhante ao resto dos países com dados estatísticos suficientes para análise. O tempo médio perdido com as verificações do vídeo-árbitro é também mínimo, com menos de 1% do tempo de jogo a ser despendido.

    O IV Congresso Internacional “The Future of Football” decorreu no Pavilhão João Rocha, em Lisboa, durante os dias 21 e 22 de março. Num dos painéis foi discutida a temática do vídeo-árbitro e os seus desafios no presente e no futuro.

    O Chefe do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, José Gomes, frisa a especialização dos árbitros como o principal objetivo da FPF. No total, são já 22 vídeo-árbitros de 1ª categoria e 44 vídeo-árbitros assistentes de 1ª categoria. Destaque para Artur Soares Dias e Tiago Martins, que marcarão presença no Campeonato do Mundo, na Rússia.

    O Chefe do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol Alemã, Florian Götte, destacou a importância de educar os adeptos para o vídeo-árbitro. Florian sugere uma constante comunicação com os media, com os fãs e com todos os outros stakeholders. Um dos objetivos seria dar a possibilidade aos árbitros de explicarem as decisões depois do jogo. Esta relação evitaria eventuais conflitos causados por desinformação em relação ao sistema do vídeo-árbitro e às decisões tomadas. Por fim, sugere a criação de um relógio para os árbitros que tenha informações úteis para a intercomunicação com o VAR.

    No panorama americano, o Diretor Técnico da Major League Soccer, Greg Barkey, fez um balanço positivo do desempenho do vídeo-árbitro. Para além de especializarem 49 árbitros, deram também formação aos jogadores e aos broadcasters. As lições que Greg retira da experiência atual é que é necessário reduzir a duração dos check’s e que o vídeo-árbitro não elimina todos os erros.

    Um sistema em crescimento

    A lista de países que utilizam a tecnologia do vídeo-árbitro será alargada já na próxima temporada, com Espanha a surgir como destaque. O anúncio foi feito por Sánchez Arminio, Presidente do Comité Técnico de Árbitros (CTA). Depois de ser testado na final da Taça do Rei deste ano, jogada entre Sevilha e Barcelona, o VAR recebeu luz verde para figurar na edição 2018/19 da La Liga.

    A devida formação dos árbitros começou já em março deste ano, segundo indicam a Federação Espanhola de Futebol e a Liga Espanhola. Semelhantemente a Portugal, o vídeo-árbitro será instalado na Cidade do Futebol de Las Rozas. A Liga assumirá todos os custos inerentes ao projeto.

    Envolto em muita polémica, o vídeo-árbitro não reúne a unanimidade do público espanhol. As entidades responsáveis pelo futebol espanhol já começaram a pedagogia, preparando os adeptos para a introdução da nova tecnologia. “O erro faz parte do desporto. O vídeo-árbitro não quer corrigi-los todos. Estragaríamos o futebol”, defende o diretor do projeto do VAR em Espanha, Carlos Velasco Carballo.

    É importante que os adeptos percebam que o vídeo-árbitro não substitui o árbitro, nem toma decisões por ele. O VAR apenas intervém em erros claros e manifestos e, segundo Velasco Carballo, só deveria intervir duas a três vezes por jornada. Em Portugal, o árbitro recorreu ao VAR uma vez a cada três jogos, revertendo, aproximadamente, uma decisão a cada cinco partidas.

    Para além de Espanha, também França já garantiu que a tecnologia será usada na temporada de 2018/19 da Ligue 1. “É uma boa iniciativa, todos os presidentes de clubes o apoiam, os clubes também, outros observadores também, penso”, disse o presidente da Federação Francesa de Futebol, Noël Le Graët.

    O vídeo-árbitro está também próximo de dar um passo importantíssimo na sua afirmação a nível mundial. Depois de ser testado no Campeonato do Mundo de Clubes, em dezembro, o VAR tem já presença garantida no Campeonato do Mundo de 2018, que se disputará na Rússia, entre 14 de junho e 15 de julho.

    Para os mais céticos, esta pode ser a oportunidade perfeita de mudar a sua mentalidade e, possivelmente, permitir a difusão do sistema a mais países e ligas. Por enquanto, a UEFA descarta a utilização do vídeo-árbitro na Liga dos Campeões, com o presidente, Aleksander Ceferin, a considerar a tecnologia ainda muito confusa. Segundo o próprio, o desempenho do VAR no Mundial da Rússia poderá ser decisivo para a sua integração na maior competição europeia de clubes.

    A opção de Ceferin tem causado alguma controvérsia, com jogadores e treinadores a pedir a sua implementação. Alessandro Florenzi, jogador da AS Roma, veio a público afirmar que caso houvesse vídeo-árbitro na Liga dos Campeões, a final seria entre a sua equipa e o Bayern. O técnico dos alemães também se manifestou, dizendo que “a UEFA tem de escolher melhores árbitros ou introduzir o vídeo-árbitro”.

    Ficha Técnica

    O projeto realizado é da autoria de três alunos da Licenciatura de Ciências da Comunicação, na vertente de Jornalismo e Informação, da Universidade do Minho.


    Bruno Daniel Monteiro, 20 anos, Barcelos.
    Descobre mais aqui.

    João Filipe Coelho, 20 anos, Santo Tirso.
    Descobre mais aqui.

    José Daniel Costa, 21 anos, Vila Nova de Gaia.
    Descobre mais aqui.


    Agradecimentos:

    Federação Portuguesa de Futebol
    Football Federation of Australia
    Liga Portugal
    Sporting Clube de Portugal
    Miguel Vieira e Hugo Freitas (Federação Portuguesa de Futebol)
    João Ferreira (Conselho de Arbitragem)
    Henrique Monteiro (Liga Portugal)
    Luciano Gonçalves (APAF)
    Alexandre Faria (Estoril-Praia)
    Sérgio Pires (MaisFutebol)
    Francisco Afonso (FC Paços de Ferreira)
    Diogo Viana (CF Os Belenenses)
    Luís António Santos e Marília Freitas

    Os novos olhos do futebol
    1. Um ano de VAR: uma aposta certa
    2. O funcionamento do VAR em Portugal
    3. Vídeo-árbitro: um projeto global
    4. Um projeto para continuar
    5. Ficha Técnica